Já percebi que na verdade escrever para um blog requer certa
organização.
As vezes vou dormir pensando em algo e acabo montando um texto
mentalmente, assim como quando estou a passeio no carro e fico em silêncio quando
lá vem outro texto. Então creio que deveria recorrer ao velho bloquinho- mais
um item pata meu kit sobrevivência - dentro de minha bolsa.
Quando sento aqui calmamente para escrever, fico mais de meia hora
tentando lembrar os textos que montei naqueles momentos aqui citados e nada de
lembrar sequer do tema.
Então me ocorreu
agora uma situação que não vivia em Brasília desde a minha primeira gravidez,
quando ainda fazia a primeira faculdade, e mesmo tendo o meu carro, para me
transportar pela cidade, certo dia amanheci com o pneu furado na garagem de
minha casa e minha enorme barriga da gravidez não me permitia trocar o tal pneu.
O que contribuía ainda mais para minha total incapacidade de seguir para a
faculdade sem chegar atrasada. O pior: era dia de prova e logo no primeiro
horário. Peguei um micro-ônibus, que aqui chamamos de zebrinha e segui desolada
pelo imprevisto. Por fim cheguei atrasada, perdi a prova, chorei, mas hoje,
recordando, ficou a lembrança de andar neste micro-ônibus podendo durante o
trajeto, observar tudo a volta, perceber coisas na rua que dirigindo, mesmo
fazendo o mesmo trajeto anos a fio, não podemos observar por motivos óbvios:
atenção redobrada no trânsito.
Portanto revivi
esta experiência nesta semana por motivo diverso, mas por não poder utilizar o
carro como motorista. Um problema de saúde que requereu muitos exames e visitas
a especialistas e assim diversas locomoções pela cidade. Mas isto me
possibilitou reviver a experiência de poder percorrer a W3 de norte a sul
podendo olhar para os lados, o comércio que cresceu e as pessoas circulando
pelas faixas de pedestres. Tive uma sensação de felicidade que ultimamente anda
me pegando de surpresa nos momentos mais simples do dia a dia, como num dia que
andei do carro até o restaurante e senti o sol batendo em meu rosto
remetendo-me a mesma sensação de liberdade proporcionada pelo passeio de ônibus
pela minha velha e conhecida cidade, sensação sentida entre as frestas dos
galhos de árvore em árvore durante o trajeto. Pois é, isto me estimulou o
desejo de querer falar aos gestores de minha cidade, que por sinal não foi
construída e pensada para aportar tamanho número de carros que hoje circulam em
Brasília em seus 50 anos.
Temos aqui
dificuldades de estacionar até no local de trabalho.
Sou a favor de transportes públicos, que atendam a toda população
em vários trajetos e pontos da cidade. Recomendo inclusive e em especial, o
“meu zebrinha”. Este poderia voltar a circular por todas as quadras e bairros com
uma quantidade, planejamento e rotatividade para descermos de um ponto e seguir
imediatamente a outro até o destino planejado. Como seria divertido para uma
pessoa aposentada passear pela cidade. Claro que este Zebrinha só poderia
transitar com lotação máxima para os passageiros mantidos sentados, nada de
ficar se equilibrando entre uma freada e outra do motorista estressado pelo
trânsito e amadorismo de certos motoristas de automóveis. Sem falar na
demonstração de um misto de egoísmo e ganância que percebemos no trânsito com
os motoristas, dá a sensação de que refletem o próprio caráter durante o
trânsito.
Dificilmente
alguém cede espaço no asfalto para o outro passar, sem contar que já não basta
a dificuldade de vagas em estacionamentos públicos, alguns nem se preocupam em
estacionar apenas em seu limite, ou atravessam o carro pegando parte da outra
vaga, ou param atrás do carro estacionado, ou mesmo estacionam em local
proibido estrangulando o trânsito e congestionando as tesourinhas.
Governador Rodrigo Rollemberg , percebo que não há fiscalização no trânsito para impedir estes
abusos!
Registro aqui,
apenas como consolo, mesmo que haja pouquíssima visitação em minha página, (ainda,
diga-se de passagem) o meu protesto e desejo de assistir a minha bela cidade
que já possui traços de cidadania, com o respeito ao pedestre, com faixas para
ciclistas, mas que pode melhorar o trânsito estimulando os empresários a
investir em transporte público de grande circulação e de qualidade que atenda a
população independente de sua classe social, apenas para melhorar a qualidade
de vida do cidadão e da cidade.
Por que não aumentar a quantidade de ZEBRINHAS enquanto não
planejam ou concluem outros meios de estacionamentos verticais ou subterrâneos
preservando a beleza e o tombamento histórico, devolvendo esta liberdade de ir
e vir à população brasiliense, que ao contrário de outras cidades não possuem
aquela estrutura que permite umas boas caminhadas conjuntas com nossos
conterrâneos e desconhecidos transeuntes, rumando ao trabalho, ao lazer e
diversas atividades da vida na cidade.
No próximo falarei
de saúde e educação... assim como de acessibilidade em Brasília. Viu, acabei me
lembrando dos diversos temas que me pegaram sem meu notebook a bordo ou mesmo o
velho bloquinho de papel menos ecológico que este meio aqui, mas tão útil
nestes momentos de inspiração e observação.
Inté!
Nenhum comentário:
Postar um comentário